
Corpos de prova de concreto leve com areia desenvolvida na Feevale, a partir de resíduos de couro
Crédito: Feevale
Em abril de 2021, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) concedeu patente para o invento desenvolvido na Universidade Feevale, localizada em Novo Hamburgo-RS. Trata-se de areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue – rejeito dos curtumes que produzem matéria-prima para a indústria calçadista. O percentual de 25% da areia leve, junto a 75% de areia de rio, produz um agregado, que, segundo os pesquisadores da Feevale, pode substituir o EPS e a vermiculita.
“O invento é um agregado leve alternativo para argamassas à base de Cimento Portland e para a produção de componentes não-estruturais para a construção civil, como blocos de concreto para alvenaria de vedação, divisórias leves e forros”, explica a equipe formada por Patrice Monteiro de Aquim, Vanessa Scheffler Silveira, Alexandre Silva de Vargas e Luiz Carlos Robinson.
A pesquisa aconteceu no âmbito do programa de pós-graduação em Tecnologia de Materiais e Processos Industriais da Feevale. A região onde a universidade gaúcha está localizada, no Vale do Rio do Sinos, é conhecida nacionalmente como um polo da indústria calçadista. Por isso, o rejeito de wet-blue causa forte impacto ambiental devido ao grande volume que vai para descarte nos aterros industriais.
Trata-se de resíduo sólido perigoso, como classifica a ABNT, através da norma técnica ABNT NBR 10004 (Resíduos Sólidos – Classificação). Por isso, antes de ser convertido em areia leve, o rejeito é submetido a um processo de hidrólise para a retirada do óxido de Cromo – substância usada para curtir o couro.
Universidades públicas lideram pedidos de patentes no Brasil
O Brasil é um dos principais beneficiadores de couro do mundo. Há mais de 300 curtumes no país. A maior parte da produção é exportada para aproximadamente 80 países, gerando receita anual de 3 bilhões de dólares. Para cada tonelada de couro tratado, quase 40% vira resíduo. São 375 quilos que podem ser transformados em farelo e, consequentemente, servir de agregado leve para a construção civil.
A pesquisa que resultou em areia leve especial à base de farelo de resíduos do couro wet-blue foi a primeira patente obtida pela Feevale. De acordo com o INPI, no Brasil as universidades são as que mais fazem pedidos de depósitos de patentes junto ao instituto. Dos 25 que lideram o ranking, 19 são universidades públicas. Destaque para a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) que lidera a lista, com 358 solicitações no período 2014-2019, seguida da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), com 357, e Universidade de São Paulo (USP), com 325.
Na relação das 10 primeiras, ainda aparecem a Universidade Federal da Paraíba (UFPB), com 321 pedidos de patente; a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG); com 258; a Universidade Federal do Paraná (UFPR), com 240; a Unesp (Universidade Estadual Paulista), com 227, e a Universidade Federal do Ceará (UFC), com 217. Apenas duas empresas estão no top 10: a Petrobras, na 5ª colocação, com 263 solicitações de patente, e a Whiripool, em 7º, com 246.
Entrevistado
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia da Feevale (via assessorias de imprensa)
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Jornalista responsável:
Altair Santos MTB 2330